UDV realiza capacitação em escalada para colheita de Mariri

Curso faz parte da diretriz do Centro para fortalecer a segurança do trabalho em todos os Núcleos da UDV

Equipe do Blog

| 27  julho, 2018

Equipe qualificada para escalada | Foto: DMC/Núcleo Mestre Janico

Capacitar pessoas para aprender a escalar árvores com segurança nas colheitas do Mariri, o cipó que é utilizado nos Preparos do Chá Hoasca (Ayahuasca). Esse foi o objetivo do curso realizado pelo Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, no último mês de junho, no Núcleo Mestre Janico, na cidade de Ouro Preto do Oeste, em Rondônia.

A capacitação foi ministrada pelo instrutor Valentim Vanderlei Pupo, sargento reformado do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que hoje integra o Quadro de Mestres do Núcleo Samaúma (Araçariguama-SP). O curso de escalada em árvores de grande porte foi feito por 17 pessoas que fazem parte dos Núcleos da 6ª Região da UDV (situada na região central do Estado de Rondônia).

Ao todo, foram três dias de treinamento, que culminou com uma aula prática na Praça do Bosque Municipal, em Ouro Preto do Oeste, em uma castanheira de, aproximadamente, 30 metros de altura.

Esse foi o terceiro Curso de Técnicas de Escaladas Acesso Vertical ao Dossel e Trabalho nas Alturas realizado na 6ª Região. A atividade foi uma iniciativa conjunta do Departamento de Plantio e Meio Ambiente (DPMA) da UDV e da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, que é o braço ambiental do Centro.

Segurança

Segundo Glauco Antonio Alves, Coordenador Regional do DPMA na 6ª Região e integrante do Quadro de Mestres do Núcleo Mestre Janico. Esse curso tem duas aplicações principais: proporcionar o acesso seguro à copa das árvores para colheita de Mariri em ambientes de floresta e, também, utilizar essa capacitação no trabalho dos sistemas agroflorestas que, também, requer a escalada em árvores para a realização de podas.

“Estamos numa área onde a colheita de Mariri é feita em região de floresta, em ambientes naturais, muitas vezes, em árvores com altura acima de 30 metros. Por isso, é fundamental aprendermos técnicas de escalada e usarmos equipamentos de segurança. Estamos inclusive seguindo as prescrições da Norma Brasileira NR 35*”, explica Glauco Alves.

Para o curso, foi utilizada uma técnica chamada Single Rope technique (SRP), muito comum na Europa e nos Estados Unidos, que significa subida de corda única. Segundo o instrutor Valentim Pupo, é um procedimento que não tem muito desgaste físico e oferece bastante segurança.

“Nos Estados Unidos, eles utilizam essa mesma técnica para subir em Sequóias de até cem metros de altura. Aqui, na Amazônia, a vegetação chega a, no máximo, 60 metros. Então estamos fazendo o curso para as pessoas poderem chegar até essa altura, oferecendo segurança ao escalador”, esclarece Pupo. De acordo com ele, mesmo o material mais simples tem a capacidade de aguentar um peso de 1.800 quilos, que é uma carga substancial para aquele escalador que pesa em média de 80 a 100 quilos.

Para o aluno Daipson da Silva Paganini, integrante do Corpo Instrutivo do Núcleo Mestre Janico, a questão da segurança na escalada foi um dos aspectos que mais o marcou. “Foi um aprendizado bem importante, o zelo que nós temos que ter pela vida. O Mestre Valentim Pupo transmitiu isso com clareza dentro do curso. A técnica que a gente utilizava aqui no Núcleo era a de escalada guiada, e, nesse curso, a gente aprendeu também a técnica de corda única e a técnica de corda dupla. Eu senti uma facilidade maior com essas técnicas. Uma forma mais segura”, resume.

Ao final do curso, os participantes receberam um certificado, que contou também com a assinatura de um Engenheiro de Segurança do Trabalho. “Trata-se de um curso que também é profissionalizante. Os alunos estão capacitados inclusive para fazer coleta de material botânico, material de biologia, estudos de ninhos de aves, além de torná-los aptos à prática de esportes como escalada, rapel e arborismo em árvores”, explicou o instrutor Valentim Pupo.

Prevenção de acidentes

Fortalecer as normas e práticas de segurança do trabalho e prevenção de acidentes tem sido uma das prioridades da Diretoria Geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Segundo o Presidente da DG, Tadeo Feijão, a UDV é uma Instituição que zela pelo cumprimento das leis do país, e a legislação brasileira contém diversos artigos tratando da segurança e saúde no trabalho.

“Por esta razão, orientamos que os mesmos cuidados que a lei dispõe para com o empregado, no sentido de segurança e saúde nos trabalhos, sejam também observados quanto aos nossos trabalhadores voluntários e prestadores de serviços em todos os Núcleos da União do Vegetal”, destaca Tadeo Feijão.

A Diretoria Geral, inclusive, desenvolveu uma Cartilha de Segurança e Prevenção de Acidentes que traz informações a respeito dos riscos inerentes às atividades mais comuns nos trabalhos no âmbito da UDV, justamente para prevenir acidentes. A cartilha traz medidas de prevenção, descrição dos equipamentos de segurança (EPI’s), noções de primeiros socorros e estratégias de implantação e implementação de projetos de segurança.

O Centro também distribuiu, no ano passado, um parecer do Departamento Jurídico, que traz informações complementares à cartilha do ponto de vista legal. “Todas essas iniciativas têm como objetivo construirmos cada vez mais uma cultura de segurança entre todos os sócios, visto que a maioria dos trabalhos realizados nos Núcleos da UDV são feitos de forma voluntária”, ressalta Tadeo.

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*De acordo com o INBEP, a Norma NR 35, no item 35.1.1 estabelece os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos em toda atividade acima de 2m (dois metros) do nível inferior.    

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