UDV implanta projeto de preservação genética de Mariri e Chacrona

Equipe do Blog

| 9 Novembro, 2019

Coleta de matrizes e amostras para pesquisa, Ouro Preto d’Oeste – agosto, 2019 | Caio Bispo

O Centro Espírita Beneficente União do Vegetal está implantando o projeto Banco de Matrizes em Rede, que tem como objetivo a conservação genética do Mariri e da Chacrona, plantas usadas no preparo do chá Hoasca (também denominado Vegetal no âmbito da UDV, e Ayahuasca em âmbito geral).

A implantação está acontecendo em três de seus Núcleos: Jardim da Realeza (Cruzeiro do Sul-AC), Mestre Janico (Ouro Preto do Oeste-RO) e Águas Claras (Manaus-AM). De acordo com o Coordenador Geral do projeto, Armínio Adolfo Pontes e Souza (Mestre Representante do Núcleo Menino Deus, Manaus-AM), pensou-se, inicialmente, um local único para sua implantação. No entanto, verificou-se a necessidade de delinear o Banco de Matrizes numa rede que pudesse contemplar diferentes pontos de preservação de Mariri e Chacrona.

Segundo o Coordenador Técnico do projeto, Marcio Armando (Sede Geral, Brasília-DF), os Núcleos escolhidos foram selecionados a partir de critérios e estudos técnicos que apontaram ser esses locais ambientes favoráveis de floresta preservada e de propriedade do Centro. A irmandade desses três Núcleos serão os guardiões, zelando, capacitando-se e conhecendo mais a respeito dessas plantas sagradas.

A manutenção da variabilidade genética das populações de Chacrona e Mariri que estarão sendo conservadas e o monitoramento do desenvolvimento das plantas, também, servirão de conteúdo para o desenvolvimento de pesquisas científicas e de futuras publicações. É o que explica o vice-diretor de Pesquisa Científica do Departamento de Plantio e Meio Ambiente, José Beethoven de Figueiredo Barbosa (Núcleo Boa Vista, Boa Vista-RR). “Isso vai ampliar nosso conhecimento a respeito das nossas plantas sagradas”, resume.

Segundo o Coordenador Geral, Armínio Adolfo Pontes e Souza, a implantação do Banco de Matrizes em Rede é um momento histórico, pois é um pensamento que vem sendo construído há mais de 20 anos.

O Mestre Geral Representante da UDV, Paulo Afonso Amato Condé, ressalta que todo esse trabalho está sendo possível graças à colaboração dos Sócios do Centro, através do Projeto Faixa Adicional. “Somos imensamente gratos a todos os que já colaboraram, e, também, àqueles que ainda irão colaborar”, destaca.

Diversidade

Os três locais escolhidos para a implantação do projeto possuem floresta com fisionomias distintas e adequadas ao propósito de conservação de matrizes. Além disso, essas localidades apresentam ampla diversidade de Chacrona e Mariri.

Resguardar essa diversidade é um dos pontos altos do projeto, como afirma Marcelo Renan de Oliveira Teles (Núcleo Princesa Sama, Manaus-AM), integrante da equipe técnica do projeto. “Isso é importante, sobretudo tendo em vista os constantes índices de desmatamento da Floresta Amazônica. Essas áreas de floresta se manterão vivas, preservando água, diversas espécies de plantas, animais e microorganismos, todos essenciais na dinâmica natural da conservação da biodiversidade e que servirão às gerações futuras”, enfatiza.

Historicamente, as três áreas escolhidas têm uma grande importância no trabalho de cultivo de Mariri e Chacrona para a União do Vegetal, destaca Maria Alice Corrêa (Núcleo Alto das Cordilheiras, Campinas-SP), que também integra a equipe técnica do projeto.

Em Manaus, quando o Mestre Florêncio Siqueira de Carvalho (in memorian) realizou o primeiro plantio de Chacrona e de Mariri no Núcleo Caupuri, ele buscou as matrizes das plantas no Acre e no Jaru (Rondônia). De forma empírica e com inteligência, ele materializou ali um banco de conservação dessas plantas, visto que não havia Mariri e Chacrona nativos na cidade de Manaus. “E em memória desse pioneirismo dele e de seu amor a essa Obra, hoje vemos essa ligação e responsabilidade delegada aos Núcleos que estão sediando e zelando por esse Banco de Matrizes em Rede”, afirma Maria Alice.

Futuramente, esses bancos propiciarão o fornecimento de matrizes sadias, conservadas em seu ambiente natural, com origem identificada, que virão enriquecer a biodiversidade nos plantios da UDV.

E que este nobre trabalho possa sempre prosperar.

Confira abaixo a Galeria de Imagens do Banco de Matrizes:

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