A Beneficência — a luz, a paz e o amor

| 03 Fevereiro, 2022

Edson Lodi*

“O importante não é o que se dá,
mas o amor com que se dá.”

Madre Teresa de Calcutá

Muito se tem escrito a respeito da inquestionável importância da Beneficência – vocação desta UDV –, que foi contemplada desde o primeiro registro formal da instituição, aprovado por Mestre Gabriel: a religião recém-fundada já trazia o nome Associação Beneficente União do Vegetal. Com o tempo, o nome Associação foi modificado para Centro Espírita, mas o caráter beneficente continuou afirmado no nome definitivo da UDV.

Trata-se de dimensão de elevada magnitude, devido à sua importância social, que requer, ao mesmo tempo, grandeza e humildade por parte dos empenhados nesse trabalho.

Desde quando Mestre Gabriel iniciou sua missão, ele e Mestre Pequenina, ao cederem a residência deles — uma casa simples de seringueiro, de madeira e palha, no meio da floresta — para a realização das Sessões da União do Vegetal, já expressavam o sentimento de amor e de doação para atender o próximo. O acolhimento, assim, já estava presente no sentimento do Mestre antes mesmo da recriação da União do Vegetal. E assim deve continuar pelas esteiras infinitas do tempo…

Todo aquele que frequenta as Sessões da UDV pode sentir o bem que se apresenta pela comunhão do chá Hoasca. Um bem que possibilita aos adeptos desse sacramento a evolução espiritual: a Beneficência pelos fluidos da espiritualidade.

Todavia, a necessidade da prática do bem e da fraternidade estende-se para além do Salão do Vegetal: é preciso que as ações caridosas e altruístas cheguem às casas, às ruas, a todos que delas necessitem. O caminho para esse movimento acontecer é o coração, sempre sensibilizado pela luz, pelo dedicado olhar em direção ao outro.

Dentre os inumeráveis exemplos de Beneficência demonstrados por Mestre Gabriel, destaco um deles, em especial, que me desperta atenção pela discrição e pelo desprendimento. De que forma podemos ser fraternos se não assim?

Mestre Gabriel, após seu retorno de Messejana — onde fora hospitalizado para recuperar a saúde —, recebe na casa dele a visita do discípulo Roberto Souto. Era hora do almoço, o alimento que havia sido preparado encontrava-se no prato do Mestre, que convida o amigo para almoçar. Ao perceber a situação, Roberto não aceita o convite. Mestre Gabriel mantém-se firme no propósito, pede outra colher à Mestre Pequenina, divide o conteúdo do próprio prato e os dois se servem: cada um come metade da refeição que havia.

Note-se que Mestre Gabriel não deu do que lhe sobrava, nem deu daquilo que não necessitava. O sentimento de fraternidade o faz partilhar o próprio pão, compartilhá-lo com um irmão. Um gesto simples, expressão da mais fina e preciosa das virtudes, que, em abundância, nutria o coração fiel dele e revelava-se na elevada missão dele: o amor ao próximo.

A prática sincera da fraternidade, virtude gêmea da Beneficência, possibilita aos seres humanos reconhecerem-se como irmãos e — assim é a vontade de Deus — formarem uma só família, acima de diferenças sociais ou espirituais. Para que isso aconteça, torna-se necessário fortalecer as qualidades da tolerância, da indulgência, da compreensão. Portanto, fortalecer — em síntese — os laços de Luz, Paz e Amor.

Mestre Gabriel criou a União do Vegetal com o firme pensamento de construir, de fazer uma paz no mundo. Com sua alta sabedoria, imprime nessa instituição religiosa, desde a origem, as marcas do incansável e despretensioso instrumento da Beneficência, que tanto se assemelha às mãos perenes e invisíveis do Grande Senhor.

A Beneficência é um dos pilares essenciais e irremovíveis sobre os quais se assentam os princípios que amenizam as dores humanas, a manutenção da ordem e o florescer da paz. Ela é a expressão clara do amor, pelas mãos solidárias dos filhos de Deus.

*Edson Lodi é integrante do Quadro de Mestres da UDV e membro do Conselho de Administração Geral (CONAGE) do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

>> Clique aqui e leia o texto O desenvolvimento do ser humano no ato de servir.