Mestre Gabriel, um pai sempre presente
| 10 Agosto, 2025
Em 9 de agosto de 2020, o Blog da UDV publicou um texto de autoria do Mestre Carmiro Gabriel da Costa*. Nele, Mestre Carmiro apresentava um pouco mais do Mestre Gabriel no lugar de pai.
Neste ano, em homenagem ao Dia dos Pais, reproduzimos o texto do Mestre Carmiro – um bom filho e um bom pai.
Boa leitura!
O Mestre Gabriel foi um pai sempre presente. Um pai amoroso, mas severo em nossa criação. A severidade dele impunha para nós um respeito. Ensinou que a gente devia tomar a “bença”, que é uma referência ao Superior, como se fosse uma continência. Porque o pai representa Deus aqui na Terra para o filho. E o filho, perto do pai, ele se sente seguro, guarnecido.
Papai dava limite aos filhos e sempre falava para mim: “Se você estiver fazendo alguma coisa, alguma traquinagem e uma pessoa mais velha lhe chamar atenção, e você retrucar, se eu souber, vou lhe dar uma surra”. E se ele soubesse, ele fazia mesmo.
Hoje em dia, a gente vai chamar atenção de uma criança, porque está subindo uma mureta e pode se machucar, o que é muitas vezes que o menino diz? “Você não é meu pai, você não é a minha mãe.” Fala desse jeito porque muitas vezes não foi orientado pelos pais. E o Mestre Gabriel ensinava a ter respeito pela família, respeito aos mais velhos. Eu cresci dentro dessa disciplina do respeito.
Se fosse preciso disciplinar, ele disciplinava. Algumas vezes, ele me deu umas lapadas de cinturão porque desobedeci. Ele falou uma coisa e eu fiz ouvidos de mercador. Ele dizia: “Olha, eu falei para você e você fez ouvidos de mercador”. E eu não sabia o que era “fazer ouvidos de mercador”. “Então, você vai levar uma lapada pra saber que isso é dolorido”, dizia. E eu levava, e depois ficava pensando: “Poxa, eu fiz isso e o papai não confia mais em mim”. Ele dava um gelo na gente. Depois, ele começava a chamar a gente, a se aproximar, começava as brincadeiras de novo, e a gente ganhava a confiança dele novamente.
Um dia, ele recebeu uma queixa de mim lá do colégio. Eu tinha 12 anos e estava querendo namorar uma menina da 4ª série. Aí, ele me chamou e disse: “Olha aqui, camarada, eu vou lhe dizer uma coisa: Você ainda é uma criança e está pensando em namorar? Vai estudar! É disso que você precisa agora. E quando você chegar na idade de arranjar uma namorada para formar sua família, olhe bem a família que você vai entrar. Olhe bem! E olhe bem a moça! Se é aquela mesmo que você quer, para depois não ir atrás de outra!”. Isso ficou registrado na minha memória.
Nunca vi o Mestre Gabriel discutindo com a Mestre Pequenina. Se tinha alguma coisa, era muito escondido da gente porque nunca vi. Era sempre o amor presente. Quando chegava do trabalho, ele ia fazer um carinho nela. O carinho dele era colocar uma música na vitrolazinha, e tirar ela para dançar. E ela dizia: “Não, Gabriel, eu estou cheirando a comida”. E ele respondia: “Eu quero você assim mesmo”. Aí dava uns passos com ela, e depois ia fazer as coisas dele. Ela punha o almoço e a gente ia almoçar. Sempre era essa alegria que tinha em casa. E eu fui criado nessa sintonia do amor, da harmonia, sem discussão e sem briga.
E, graças a Deus, tudo o que o Mestre Gabriel me ensinou foi o correto, o certo. Eu é que não tive a capacidade de aprender tudo certo. Mas o que eu pude aprender certo, eu implantei na minha família. Casei com minha companheira, minha esposa, a Conselheira Mitonha. Com ela – só com ela! – tenho quatro filhos: três homens e uma mulher. E eu os criei dentro dos princípios da família. Educando, ensinando, passando para eles o que meu pai passou para mim. E, futuramente, eles vão fazer isso com os filhos deles. É assim que a gente constrói um mundo familiar de paz, de tranquilidade e harmonia.
Se eu fosse dizer tudo que eu aprendi com o Mestre Gabriel, seria muita coisa. Mas essas poucas palavras são o essencial da minha vida com meu pai, o Mestre Gabriel.
*Carmiro Gabriel da Costa desencarnou em 4 de março de 2025 aos 67 anos. Quinto filho de Mestre Pequenina e Mestre Gabriel, Mestre Carmiro era casado com a Conselheira Mitonha e pai de quatro filhos e avô de seis netos.