Os 70 anos de Getúlio Gabriel da Costa

| 2 setembro, 2018

Ricardo Teixeira*

Na imagem, Getúlio Gabriel está “cortando” seringa, atividade que exerceu desde muito jovem e que aprendeu com o pai, Mestre Gabriel, Seringal Sunta | Foto: Walter Badaró.

Getúlio Gabriel da Costa, filho primogênito de José Gabriel da Costa (Mestre Gabriel) e Raimunda Ferreira da Costa (Mestre Pequenina), nasceu em 2 de setembro de 1948. Nos seringais, já na infância, auxiliava o pai com o corte da seringa e o sustento da casa, demonstrando desde cedo responsabilidade, uma das marcas de seu caráter. Mestre Gabriel cortava seringa de dia e Getúlio de madrugada. Ele acordava à uma hora da manhã e voltava no amanhecer do dia trazendo o leite para ser defumado. Assim, o rendimento era aumentado.

Sempre auxiliou seu pai também nos trabalhos espirituais. Dentro da União do Vegetal, está presente desde a primeira colheita de Mariri e Chacrona feita pelo Mestre na vinda do Acre, bem como no primeiro Preparo de Vegetal. No dia 22 de julho de 1961, data de criação do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, foi Getúlio quem conduziu o Preparo, orientado pelo Mestre Gabriel.

Por acordar de madrugada, não participava de todas as Sessões, mas relata com emoção e saudosa alegria a vivência de momentos marcantes do início da União do Vegetal nos seringais.

Outro momento marcante de sua vida foi a chegada a Porto Velho, no Ano-Novo, em 1º de janeiro de 1965. Foi a primeira vez que viu fogos de artifício, marcando a chegada da família em uma nova fase de vida.

Na cidade, sua frequência nas Sessões continuou em ritmo semelhante. Mestre Gabriel, uma vez, explicou em uma Sessão: “O Getúlio bebe o Vegetal quando quiser. Ele não precisa beber o Vegetal para andar direito. Ele já veio com o dom de fazer as coisas certas”.

Mais à frente, no cumprimento de sua missão, Mestre Gabriel entregou a Getúlio em palavra a responsabilidade pela família, junto com o dinheiro que possuía e a chave do caminhão, antes de seguir para Manaus, e depois para Brasília, onde o Mestre desencarnou em 24 de setembro de 1971.

Getúlio passou a ser o Representante de seu pai no provimento do lar e na criação e orientação dos irmãos. Lutou ao lado de sua mãe, trabalhando de dia na olaria e de noite como taxista. Passou muitas noites em claro, mas nunca deixou faltar o necessário em casa.

Posteriormente, passou a ser funcionário da Prefeitura de Porto Velho, tendo recebido em 2007 e 2017 duas Moções de Aplauso da Câmara Municipal, em homenagem por seu bom exemplo como profissional, com reconhecidas eficiência, presteza e assiduidade em todos esses anos.

Em depoimento gravado, Mestre Pequenina afirma: “Getúlio foi um menino, dos meus filhos, que nós nunca chamamos atenção. Nós nunca batemos nele, nem por brincadeira. Um menino que nunca mentiu pro pai dele, nem pra mim, nem pra ninguém. A palavra dele é como diz o Mestre Gabriel: ‘Se vier duas pessoas aqui me contando uma história e o Getúlio tiver de contar, é um documento pra mim. Porque é um homem direito’. E continua: ‘Só casou quando me ajudou a criar todos os seus irmãos. E eu mandei ele se casar: meu filho se case’”.

Recentemente, pouco antes de desencarnar, Mestre Pequenina entregou-lhe a responsabilidade de representá-la também no lar, provendo e cuidando de seus irmãos Róseo e Benvino, como se seus filhos fossem.

Hoje, dia 2 de setembro de 2018, Getúlio comemora 70 anos de vida, com vigor e uma memória clara e forte. Um homem alegre, honesto e virtuoso. Um discípulo obediente, simples, amigo e de bom coração. A ele, nossos parabéns e o desejo de muitos anos de vida.

*Ricardo Teixeira é integrante do Quadro de Mestres do Núcleo Mestre Iagora (Porto Velho-RO).