Conselheira Waldeliza: uma história de amor a UDV

| 20 Abril, 2021

Antônio Cavalcante de Albuquerque Jr.*

Conselheira Waldelize e filhos | Arquivo Pessoal.

“A Rosa vermelha é o bem-querer, a rosa vermelha e branca hei de amar até morrer”. Era com o verso dessa música que a Conselheira Waldeliza Pinto Souto Maior lembrava de sua mãe Laíres Amoras Pinto, que cantava com carinho nos primeiros anos de sua encarnação. O Cenário era a cidade de Macapá, no então Território Federal do Amapá, na família onde nasceu com seus 11 irmãos e irmãs sob o olhar atento de seu pai Raimundo Carmelo Pinto.

Em 25 de janeiro de 2021, aos 72 anos, Conselheira Waldeliza deixou esse plano terrestre e hoje saudamos e somos gratos à sua memória. Na sua infância, se encantou por uma rosa vermelha e na UDV seguiu a Luz da Hoasca.  Associada ao Núcleo Estrela do Oriente (Boa Vista – RR), era mulher de fibra que cumpriu sua missão com força e resistência, sempre amando sua família e a União do Vegetal, sendo querida por todos que a conheceram, pelo seu jeito cativante e grande reverência ao Mestre José Gabriel da Costa, com quem conviveu e para quem dedicou respeito e confiança por toda vida.

A União do Vegetal em Manaus, durante muitos anos, teve o trabalho consistente da Conselheira Waldeliza, tanto no início do Núcleo de Manaus (atualmente Núcleo Caupurí), quanto na fundação do Núcleo Jardim do Norte e do Núcleo Águas Claras.

Família

Waldeliza tinha a necessidade constante de progredir na vida, necessitava alçar voos mais altos e para tanto dedicou-se aos estudos. Mudou-se para Manaus, acompanhando sua família onde concluiu o curso de magistério e fez muitas amizades, dentre as quais a de José Roberto Souto Maior (hoje Mestre Roberto Souto), jovem jogador de futebol, com quem teve um casamento de mais de 25 anos, originando cinco filhos: Janainna, Luana, Luciana, Cerena e Sávio; e os amados netos: Vitória, José Roberto Neto, Sálvia, Germana, Laura, Geovana, Maria Valentina e a esperada Melina. Sempre persistente nos seus objetivos e administradora por excelência, trabalhou e realizou muitos sonhos, podendo assim auxiliar, também, nos sonhos de amigos.

Encontro com Mestre Gabriel

Já tinha informações, por carta de Roberto Souto a respeito da UDV, quando soube, pela família de Mestre Vicente Marques, que o Mestre Gabriel estava chegando em Manaus.

No aeroporto estavam diversas pessoas da UDV esperando o Mestre, a C. Waldeliza contou que esperava descer do avião uma pessoa de “terno e gravata”, pois ouviu que era uma autoridade da UDV que estava chegando, e como ainda não o conhecia, esperava assim. Para sua surpresa, se apresentou aquele senhor simples, de chapéu, ela se aproximou e o Mestre, ao vê-la, afirmou: “A senhora que é a companheira do Roberto Souto, eu trouxe a encomenda que ele mandou”. Esse momento foi marcante em sua vida, pois o olhar do Mestre foi como um “raio X”, penetrando-lhe o espírito, sentiu-se tocada diante da grandeza da simplicidade daquele Senhor.

Dias depois, mudou-se com seu companheiro para Porto Velho, passando a comungar o Vegetal e a aprender com o Mestre Gabriel, Mestre Pequenina e admirar toda a sua família, frequentando diariamente a sua casa e constituindo assim uma verdadeira amizade.

As primeiras Sessões e convivência na UDV 

As Sessões com a presença física do Mestre Gabriel eram inesquecíveis, pois as burracheiras eram diferentes do que viveu ao longo dos seus mais de 50 anos na UDV, ela contava que os assuntos da Sessão eram uma continuidade, do começo ao fim o mesmo seguimento.

A habilidade e a paciência de ensinar, de cativar, de conhecer a necessidade de cada discípulo e se dedicar eram sempre destacadas por ela sobre sua convivência com o Mestre Gabriel e a Mestre Pequenina. Exemplo disso era a beneficência, demonstrada nas muitas vezes em que foi auxiliada com alimentação, que lhe foi oferecida pela querida família quando precisou. Aprendeu esse ensinamento e pôde praticar durante sua vida, auxiliando inúmeras pessoas com um dom inerente aos generosos de coração.

Descrevia a casa do Mestre sendo bem simples, mas de pessoas felizes, filhos respeitosos e pais amorosos. Nas datas festivas ela relembrava com carinho o trabalho realizado junto com M. Pequenina, C. Jandira e outras pessoas, que teciam as palhas da cobertura da casa para dar uma “renovada” no ambiente.

 27 de março

Destacava o momento da chegada do Mestre Gabriel de Fortaleza, no dia 27 de março de 1971, como um dos mais emocionantes para ela, pois estavam todos juntos e uniformizados no aeroporto de Porto Velho (RO) à espera do seu retorno do tratamento. Relembrava também, com alegria, de quando escutou a História de São João Batista, na olaria, em 23 de junho 1971, sentada em tijolos ao lado da rede onde estava o Mestre Gabriel, noticiando da grandeza e da simplicidade daquele momento.

Sobre os momentos de convivência com a família do Mestre, sempre falava que se sentia unida a ela, pois a amizade permaneceu por todos os anos de sua existência. Falava com carinho de Mestre Pequenina, Getúlio, Mestre Jair Gabriel, Conselheira Jandira e Mestre Carmiro (os outros eram crianças ainda), e os sentia como irmãos de sangue. Conselheira Janainna, sua filha, considera essa amizade com a família de Mestre Gabriel “uma preciosa herança”.

*Antônio Cavalcante de Albuquerque Jr. é Mestre Representante do Núcleo Águas Claras (Manaus-AM).