Sorriso franco e aberto
Altenísio José de Albuquerque*
| 8 abril 2018
“O sorriso franco e aberto era a sua marca registrada, exteriorizando o amor que havia em seu coração por todos, de forma indistinta. Os olhos brilhavam com mais intensidade quando presenteava as pessoas com a alegria do seu interior. E resplandeciam ao lembrar, com emoção e reconhecimento, daquele a quem considerava o seu melhor amigo, Mestre Gabriel, que, carinhosamente, o chamava de ‘Raimundinho’. Assim era o homem Raimundo Pereira da Paixão, e da mesma maneira era o Mestre Paixão.
Após a volta definitiva de Mestre Gabriel dos seringais, quando fixou residência em Porto Velho, a partir do início de 1965, foi convidado pelo amigo para conhecer o tesouro que havia encontrado na floresta: o Vegetal. Demorou quase um ano para aceitar o convite. Finalmente, no dia 18 de novembro de 1966, foi até à Sede da União do Vegetal, e recebeu o chá das mãos do Mestre Santos.
Naquele mesmo dia, comungou o Vegetal também a sra. Severina Barbosa, com quem M. Paixão havia casado em 1964. Juntos, criaram cinco filhos: Ivete, Ivo, Silas, Janaína e Luciano. Severina desencarnou em 21 de setembro de 1990. Encantado pelas belezas da burracheira, Mestre Paixão se firmou na caminhada e, em 14 de setembro de 1967, convocado para o Quadro de Mestres.
Já aposentado, Mestre Paixão tinha dedicação total à UDV. Em 13 de novembro de 1968 recebeu do Mestre Gabriel, por causa de sua passibilidade, ou seja, nas palavras do Mestre Edson Lodi, em artigo publicado no blog do Centro em setembro de 2011, “habilidade no exercício da Paz”, a responsabilidade da Representação, fazendo o papel que hoje é atribuído ao Mestre Assistente. Ficou no lugar até 22 de julho de 1971.
Alguns anos após o desencarnamento do Mestre Gabriel, foi designado para ser Mestre Representante do Núcleo Samaúma, em São Paulo. Chegou lá, com a família, em 29 de julho de 1978, ficando sete anos na Representação, que, durante certo tempo, acumulou também com o cargo de Mestre Central da Região Sul e, depois da, 3ª Região. Naquele período, reergueu o Núcleo, construindo, como ele gostava de dizer, “o primeiro Templo em formato circular”. Dali nasceram mais outros núcleos, a saber: Lupunamanta (Campinas/SP), Senhora Santana (Campo Grande/MS), São Cosmo e São Damião (Curitiba/PR), Rainha das Águas (Caldas/MG) e São João Batista (São Paulo/SP).
Mestre Paixão tem também um grande trabalho prestado na consolidação do Núcleo João Lango Moura, em Rio Branco/AC. Em 06 de janeiro de 2004, aos 71 anos, um pouco receoso mas com a disposição e a boa vontade que sempre marcaram a sua personalidade, recebeu a Representação do recém criado Pré-Núcleo Templo de Salomão.
Veio acompanhado somente da sua segunda esposa, Conselheira Eva, sem conhecer quase ninguém daquelas pessoas recentemente chegadas na UDV. Contudo, rapidamente cativou a todos, com seu jeito simples e amoroso. Pode-se dizer que foi também cativado pelos novos discípulos, pois, após concluir seus dois mandatos, em 2009, permaneceu frequentando as sessões no Templo de Salomão até o seu falecimento, aos 78 anos de idade, em 14 de setembro de 2013, exatos 44 anos após receber a Estrela das mãos do Mestre Gabriel. Integrava, na ocasião, o Conselho da Recordação dos Ensinos do Mestre Gabriel.
Além do amparo espiritual, Mestre Paixão foi também um empreendedor. Na sua Administração, através dos presidentes Sérgio Mello (in memorian) e Rodrigo Bomfim, liderou a reforma na Casa de Preparo, a conclusão dos banheiros, a construção de uma nova cozinha e o erguimento do berçário, além de benfeitorias, como o poço semi-artesiano, no sítio onde é mantido o plantio de Mariri e de Chacrona. Assim, Mestre Paixão viveu praticando suas próprias palavras: “O Amor é a maior força que existe no Universo”.
*Altenísio José de Albuquerque é Mestre Representante do Núcleo Tempo de Salomão (Porto Velho – RO).
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!