Roberto Souto Maior, o maior preso na UDV
Salomão Taumaturgo Marques*
| 31 agosto, 2015
José Roberto Souto Maior, nascido em 31 de agosto de 1947 em Campina Grande (PB), é um dos 12 filhos da numerosa família do pernambucano João Patrício Souto Maior e da paraibana Amarílis Souto Maior.
Viveu sua infância e juventude naquela cidade e aos dezessete anos mudou-se para Recife (PE), onde ingressou profissionalmente no futebol. Por força do destino, os caminhos da vida o levaram a residir no final dos anos 1960 em Manaus (AM), onde deu continuidade às atividades de jogador profissional.
Em Manaus, conheceu na atividade futebolística o Sr. Raimundo Nonato Marques, pessoa com quem fez grande amizade e que lhe revelou a existência do Vegetal, convidando-o para conhecer em Porto Velho (RO) a União do Vegetal e o Sr. José Gabriel da Costa, Mestre Gabriel, a quem descrevia como pessoa de “grande conhecimento e que só fala a verdade”. Roberto duvidou de seu amigo, ao acreditar até então que não existia um homem na terra que só falasse a verdade, mas sentiu na intuição a vontade de conhecer esse campo espiritual descrito por Nonato.
Em 1968, Raimundo Nonato Marques foi a Porto Velho e falou ao Mestre Gabriel da sua intenção de trazer um amigo para beber o Vegetal. Nessa época, a UDV não estava recebendo adventícios, mas, quando Nonato mencionou o nome do Roberto Souto, Mestre Gabriel lhe disse: “Esse aí eu atendo, no dia que ele chegar eu faço uma sessão pra ele”.
Alguns meses depois, ao chegar à cidade de Porto Velho para conhecer a UDV, Roberto Souto dirigiu-se à casa do Mestre Gabriel e, ao cumprimentá-lo, disse: “Meu nome é José Roberto Souto Maior”. Mestre Gabriel respondeu: “Você é o Ruberto** Souto Preso, é o maior preso que tem na União do Vegetal”. Naquele momento, Roberto não entendeu a resposta do Mestre. E disse: “Não, meu senhor, meu nome é José Roberto Souto Maior”. Mestre Gabriel insistiu: “Não, você está preso na União do Vegetal e eu estava lhe esperando.”.
Com essas palavras, Roberto pensou naquele momento que o Mestre estava lhe esperando porque Nonato havia dito que iria trazê-lo para beber o vegetal. Mestre Gabriel, lendo os seus pensamentos, diz: “Olhe, eu estava esperando não é porque Nonato lhe trouxe não; eu estava lhe esperando é de muito tempo”. Com essa forma receptiva e amiga de recebê-lo, Roberto sente-se cativado e bem acolhido pelo Mestre Gabriel e sua família.
Assim, Mestre Gabriel fez uma sessão de adventício para atender Roberto Souto, que, durante a sessão, ao ouvir as palavras do Mestre, viu-se transportar para sua infância, momento em que percebeu a força da União e o benefício do vegetal na consciência. Sentiu naquele primeiro contato com o chá Hoasca a estranha sensação de que já fazia parte de todo aquele movimento religioso há muito tempo. Após a sessão, Mestre Gabriel lhe disse: “Você é sócio aqui do Centro, você é sócio por mim.”.
Dentre tantas observações positivas que Roberto teve inicialmente do Mestre Gabriel, uma chamou-lhe atenção: o comportamento do Mestre com os discípulos. Percebeu que tratava a todos com igualdade, desde a pessoa mais necessitada materialmente até a mais abonada de recursos financeiros. A fraternidade do Mestre fez com que continuasse na UDV. E nesse início da caminhada, pergunta ao Mestre Gabriel qual o objetivo da União do Vegetal, que sabiamente responde: “Trazer o homem para o seu devido lugar, o lugar do justo, leal e paciente”.
Roberto Souto, ainda descrente de haver uma pessoa na terra que só falasse a verdade, narra que um dia foi na casa do Mestre Gabriel com o objetivo de testá-lo e tentar pegá-lo na mentira. Levou consigo um atlas geográfico de perguntas e respostas e começou a fazer as perguntas constantes no livro e o Mestre respondia do jeito que estava escrito. Roberto decidiu então inventar uma que não estava no atlas. E Mestre Gabriel respondeu: “Isso aí não está no livro”. Depois do teste, Roberto Souto disse ao Mestre: “De hoje em diante, eu não vou mais procurar pegar o senhor na mentira, porque não tem mais jeito”.
Ao ver no Mestre Gabriel uma pessoa de grande sabedoria espiritual, Roberto lhe pergunta: “Mestre, por que o senhor não é um homem rico, não tem fortuna material?” O Mestre ficou pensando, deu um ar de riso e lhe respondeu: “Ruberto, eu tenho uma grande fortuna, eu tenho a paz, eu repouso em paz, amanheço em paz, e você vai ver essa bandeira hasteada em todas as nações, a bandeira da paz”. Mais uma grandiosa lição do Mestre ao seu discípulo, com sede de conhecimento.
Em 1971, Mestre Gabriel anunciou aos discípulos que iria fazer um concurso para Mestre, dizendo: “Aquele que contar a História da Hoasca corretamente receberá a Assistência no dia 22 de setembro”. Nesse concurso, foram aprovados pelo Mestre Gabriel quatro discípulos: José Roberto Souto Maior (nessa época com apenas 23 anos), Raimundo Nonato Marques, Francisco dos Anjos Feitosa (conhecido como Mestre Sidon) e Cícero de Alexandre Lopes.
Por ter sido aprovado em primeiro lugar, Roberto Souto recebeu a responsabilidade de Mestre Assistente, designado para o período de 22 de setembro a 22 de novembro de 1971. Eis que, nesse período, o Mestre Gabriel desencarnou e Roberto, aos 24 anos de idade, ficou sendo a pessoa responsável pela UDV até a eleição de um novo Mestre Geral Representante.
Roberto Souto é um dos Mestres integrantes do Conselho da Recordação, e tem na memória diversos acontecimentos e ensinamentos trazidos pelo Mestre Gabriel, que enriquecem a sua caminhada. É também autor de cinco chamadas aprovadas na União do Vegetal: Caminho Claro, Grande Esperança, Bem-te-vi, Senhora das Águas e Água da Vida.
A irmandade da UDV o saúda pelo seu aniversário e lhe deseja saúde, fortuna e prosperidade junto com sua família.
Com votos de Luz, Paz e Amor.
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*Salomão Taumaturgo Marques é integrante do Corpo Instrutivo da Sede Geral e presidente do Conselho Fiscal da Diretoria Geral (2015-2018).
**Mestre Gabriel o chamava desta maneira e não como “Roberto”.
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