O Sino e a Igrejinha
| 13 Dezembro, 2022
José Radier de Sousa*
Lá na igrejinha até o sino bateu
Festejando o nosso amor que nasceu
O nosso amor que nasceuEu pedi numa prece ao senhor
Um amor verdadeiro que é bom
E quando ele aparecesse
O sininho tocasse blim blomEu estava descrente de mim
Quando você me apareceu
E senti que naquele momento
O Senhor me atendeuVerdadeiro milagre ocorreu
Todo mundo que ouviu comentou
O sininho da igreja bateu
Mas ninguém o tocouMuita gente não acreditou
Mas o meu coração entendeu
A mensagem de Nosso Senhor
Num milagre de amor
Estamos vivenciando, em 2022, o primeiro centenário de nascimento do nosso Grande Mestre Gabriel, que veio ao mundo em 10 de fevereiro de 1922.
Dentre tantas formas de homenageá-lo, destacamos uma das músicas utilizadas por ele para chegar com mais facilidade no coração de seus amados discípulos: O Sininho do Amor. Esta música transporta-nos ao sertão baiano e, com riqueza de simbolismos, faz-nos imaginar o nascimento do nosso Guia Espiritual.
Esperança e amor no sertão
Quantas vezes, quando sentimos sob os nossos pés os torrões de terra seca da vida, pedimos a Deus que nos mande um sinal de esperança, de dias melhores, de que estamos no caminho certo e de que Ele está olhando por nós? Fazemos este pedido porque ainda somos pequenos e porque o futuro, ainda que por poucos segundos à frente, permanece para nós desconhecido.
No interior do sertão nordestino, durante os festejos religiosos, nas pracinhas em frente às igrejas, o encontro com um rapaz com o qual pudesse viver uma história de amor era, muitas vezes, o sonho das jovens moças – a esperança de uma vida feliz.
A cantora Marinês, nesse cenário poético, em que podemos encontrar a nobreza de um sentimento puro e sincero, interpretou maravilhosamente O Sininho do Amor, gravada pela primeira vez em 1968, no seu LP “Mandacarú”, e composta por Altamiro Aquino Carrilho e por Aracy Ribeiro Valente.
Na música, podemos ver uma jovem que pede a Deus um verdadeiro amor, mas cujo pedido não é feito de qualquer forma. Ele é tecido por uma prece, num momento de devoção e de humildade.
E mais do que isso, ela pede sinais para que tenha a certeza de que está fazendo a escolha certa, defendendo-se, assim, dos enganos da vida, das vãs paixões. Este sinal, por sua vez, é feito pelo toque do sino, que o reverbera pelo ar, fazendo com que as palavras dos homens se silenciem para a chegada de algo nobre, divino.
Nesse momento, revela-se a mais sublime sintonia entre o Criador e a Criatura, ainda que quase ninguém a esteja percebendo, a ligação se apresenta e nos faz sentir o mistério da Vida, o Amor Divinal.
Os autores
Altamiro Aquino Carrilho nasceu em Santo Antônio de Pádua, no estado do Rio de Janeiro, em 21 de dezembro de 1924, e fez a passagem em 15 de agosto de 2012, na capital fluminense. Foi um compositor e flautista brasileiro.
Altamiro gravou mais de uma centena de discos, tendo composto o número aproximado de duzentas músicas. É o flautista com a maior quantidade de gravações em disco no Brasil.
Apresentou-se em mais de quarenta países e divulgou internacionalmente o Choro, um genuíno gênero musical brasileiro, sendo considerado por críticos e especialistas da área como um dos maiores virtuosos da história da flauta transversal. Era reverenciado pelo flautista francês Jean Pierre Rampal como o melhor flautista do mundo.
Quanto à segunda compositora, a capixaba Aracy Ribeiro Valente, há poucas informações disponíveis sobre ela na internet. Foi casada em segundas núpcias com Altamiro Carrilho, tendo feito pelo menos dezesseis composições em parceria com ele, o que revela tratar-se de uma artista de alto nível também.
*José Radier de Sousa é integrante do Corpo do Conselho da Sede Geral da UDV (Brasília – DF).
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“…Quantas vezes, quando sentimos sob os nossos pés os torrões de terra seca da vida, pedimos a Deus que nos mande um sinal de esperança, de dias melhores, de que estamos no caminho certo e de que Ele está olhando por nós? Fazemos este pedido porque ainda somos pequenos e porque o futuro, ainda que por poucos segundos à frente, permanece para nós desconhecido.”
C.José , é assim que meu coração se alegra quando ouço esta música! Boas palavras! Parabéns! Gratidão a Deus por ter atendido minha prece.
Lindo texto e a música Sininho do Amor é mais linda ainda. Tive o privilégio de ouvi-la, em sessão, quando conheci a minha amada, minha esposa. Trouxe um sentimento inesquecível e inexplicável para minha vida.
Boa publicação! Parabéns, C. Radier!
Muito bom, parabéns
Excelente postagem em forma de poesias e de pura verdade sobre a vida dura do Sertão com cultura musical, diversificação compreensiva, valorização das raízes de origens. trabalho perfeito.
Linda música. Encantadora . E texto inspirador . Agradeço a Deus e ao Mestre essa nova forma de interagir . Muito feliz