O diploma do seu Condé
Edson Lodi*
Chega às minhas mãos o livro O Milagre das Plantas, cuja capa já deixa transparecer um rico conteúdo. Nesta se vê a imagem de um senhor de cabelos brancos – a sabedoria reflete a cor do luar –, olhos de menino inquieto e mãos campesinas, acostumadas ao arado e ao abençoar.
Sebastião Condé, que completou 94 anos no dia 14 de abril deste ano, é esteio de uma numerosa família, casa que construiu juntamente com Terezinha Amato Condé, sua esposa – alicerce e terra boa onde plantou flores. Nessa casa abrigam-se seis filhos, 20 netos e 27 bisnetos. Excelente lavra que ainda está sendo regada e que, certamente, haverá de gerar novos frutos. Seu Condé, como é carinhosamente conhecido na União do Vegetal, tem semeado a Flor do Bem Querer no solo fértil da amizade e da esperança. Hoje, ele integra o Corpo do Conselho do Núcleo Recanto das Flores, em Ubá-MG (12a Região).
Desde menino teve um sonho: o de ser médico. Sem condições para atendê-lo, seu pai lhe deu uma enxada e a têmpera de um lavrador persistente que nos eitos da vida lavrou-se a si mesmo, amanhou suas esperanças e se fez homem de bem e doutor na ciência da cura. E, como bom curador, incorporou ao seu ofício as rezas e bênçãos que aprendeu de seus antepassados.
Ouso dizer, sem nenhum receio, que este livro, O Milagre das Plantas, é o seu diploma de médico.
Entretanto, o que o torna único entre tantos livros semelhantes e que são igualmente úteis?
A prática incessante, amorosa e sincera do autor é a melhor resposta. Tornou-se uma rotina no Sítio Recanto das flores – onde mora e planta seus sonhos, colhendo deles o doce fruto de seu trabalho –, ser procurado por muitas pessoas em busca de mais saúde. O contato com seu Condé é, por si mesmo, uma pausa na ansiedade e nas aflições. Conversa mansa, sem pressa, de bom mineiro – de quem está verdadeiramente interessado em buscar a cura ou algum lenitivo para os necessitados.
Desde os depoimentos sinceros de seus filhos e filhas, emoldurados por finíssima áurea de gratidão, o livro estende-se às mais variadas práticas e receitas medicinais. E traz em seu interior – qual raízes profundas pelas quais desabrocham a saúde – o conhecimento que seu Condé, como é carinhosamente conhecido, adquiriu de seus pais e avós.
Crajiru, babosa e guaco. Jambu, dente de leão, sálvia, tuia, joão-brandinho e tantas outras espécies vegetais brotam do receituário, como notas de uma ciranda de variadas cores e movimentos. De forma tal, que parecem cavar, plantar, nas fendas das doenças e outras malquerenças, as sementes rejuvenescedoras da saúde, que vem pelos fluidos e essências de nossas mais antigas, humildes companheiras – as plantas medicinais.
Porém, é preciso conhecê-las, conviver com elas, estabelecer vínculos de amor e confiança. Seu Condé, devagar e pacientemente, foi se aproximando das ervas da medicina, aprendendo a fazer as mezinhas, a conhecer pela experimentação e pelo respeito a elas, um pouco mais além do que já era conhecido.
Este tesouro, qual semente encanteirada por tantos anos e que se rompeu vigorosa e fértil – Como bem esclarece sua filha Mônica: “No tempo em que as avós eram encantadas e recendiam a alfazema…”. -, nos é agora doado neste didático, singelo e oportuno O Milagre das Plantas. Já está entre os meus livros de cabeceira.
Serviço:
O livro O Milagre das Plantas foi lançado, em sua 2ª ed., no dia 25 de Março passado, no Núcleo Recanto das Flores, 12a Região (Ubá – MG). Em 2016, o livro recebeu o Selo Bom de Ler.
“O Milagre das Plantas” está disponível no site da Nossa Loja.
*Edson Lodi é Mestre Assistente Geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
Publicado em 20 de Abril de 2017.