Mestre Pequenina, a mãe da União
Getúlio Gabriel da Costa*
| 28 setembro 2017
Dona Raimunda Ferreira da Costa, a nossa Mestre Pequenina, que hoje faria 89 anos, sempre foi, e é uma boa mãe. Tão boa que o povo da União abraçou ela como uma mãe. A mãe da União. Ela teve 11 filhos. Dois morreram ainda recém-nascidos: Vicente e Maria das Graças. Três já desencarnaram: Carmiranda, Abomir e Salomão. Ficamos nós seis: eu, Jair, Jandira, Carmiro, Benvino e o Róseo (José Gabriel da Costa Filho); além daqueles que ela criou como filhos – Suely, Wilson e tantos outros, que receberam o mesmo carinho, amor e cuidado.
A mãe não passava a mão pela cabeça. Quando algum estava precisando, chamava, orientava, educava mesmo. Eu penso que isso foi muito importante para a formação dos filhos. Todos nós aprendemos desde cedo, por exemplo, a cozinhar – não para fazer banquete, mas o básico –, costurar, lavar roupa, engomar. A mãe dizia que a gente tinha de aprender essas coisas porque não sabia se ia viver muito, e não queria que os filhos sofressem o que ela sofreu na casa das pessoas, quando perdeu a mãe. Ela queria que a gente fosse independente.
Mestre Pequenina ficou viúva muito nova, com pouco mais de 40 anos, mas cumpriu sua missão até o fim, com um cuidado especial com aqueles que precisavam mais: o Róseo e Bem. Onde ela estava, era pensando neles: se precisavam de alguma coisa, se estavam bem. E foi assim até o momento de desencarnar. Penso que eu era um dos filhos mais apegados a ela. Casei, mas ia todos os dias visitar minha mãe, ver se estava faltando alguma coisa. Comprava o que era preciso, resolvia o que era para resolver, e ficava na companhia dela. Muitas vezes, hoje, eu estou assistindo à televisão e, por alguns instantes, me pego pensando que a mãe está aqui, do meu lado. Eu nunca deixei minha mãe, porque foi essa a missão que meu pai me confiou.
Eu lembro que quando o Mestre Gabriel foi se tratar no Ceará, ele me entregou a responsabilidade para eu tomar conta da olaria e do caminhão. Mas, depois, quando foi para Manaus e de lá para Brasília, já foi diferente. Ele me chamou e disse: “Meu filho, vou fazer essa viagem. Eu acho que não volto mais porque só mesmo Deus está sabendo como é que estou”. E ele chamou a mãe e disse que, daquele dia em diante, eu ia ficar no lugar dele, como esteio da família. Eu entendi. Tinha de cuidar de minha mãe e de meus irmãos. Eu disse que ele podia ter a certeza de que eu cumpriria aquele compromisso. E até hoje estou cumprindo. A mãe, antes de desencarnar, pediu para eu ter cuidado com o Róseo e o Bem. E é o que estou fazendo.
Mestre Pequenina não era apenas a nossa mãe, mãe dos filhos que ela teve e dos que pegou para criar. Ela dizia que os discípulos da União eram os filhos dela. Por aqueles que tinham consideração e respeito por ela, a mãe tinha carinho e cuidado. Aconselhava. Desde aquele tempo no seringal, e depois em Porto Velho, ela acolhia as pessoas que precisavam lá em casa. A comida que a gente comia os de fora também comiam. Esse é o exemplo de Mestre Pequenina, o espelho em que eu venho procurando me espelhar.
Lembro de que ela aconselhava muito os casais. Ensinava que uma mãe tem de ter amor ao casamento, cuidar do casamento. Às vezes chegava alguma mulher falando do marido. Ela sempre apagava o fogo. Dizia: “Homem é assim mesmo. Você não pode falar as coisas quando ele chega do trabalho, espinhado, com a cabeça quente. É preciso saber a hora certa. Deixe ele tomar um banho, esfriar a cabeça, jantar, depois você chega e diz o que é preciso”. A mesma coisa fazia com os homens, aconselhava como eles deviam fazer para ter mais paz dentro de casa. O amor, o cuidado, a responsabilidade com os filhos eram coisas que ela ensinava.
É por isso que muita gente na União tinha ela como uma mãe. Por gratidão mesmo. Quando eu ia no Acre, chegava muita gente, Mestres, Conselheiros, discípulos: “Cadê a mãe, cadê a mãezinha, como ela está?”. E assim era em todo lugar na União. Pessoas chegavam e pediam a bênção a ela. Chamavam os filhos e diziam: venha pedir a bênção à sua avó. Ela era muito querida e queria bem a todos na União. Até hoje eu sinto. Sinto saudade. Mas a gente tem de levar, seguir a vida, trazendo no coração as coisas que a gente aprendeu com ela.
>> Clique aqui e acesse a Galeria de Imagens em homenagem à Mestre Pequenina.
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*Getúlio Gabriel da Costa é o primeiro filho de José Gabriel da Costa (o Mestre Gabriel) e de Raimunda Ferreira da Costa (a Mestre Pequenina).
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Que belo depoimento do Getulio, me emocionei lendo suas palavras e sentindo o exemplo de mãe e o respeito e amor de filho dele por ela, coisa fina que o mundo precisa resgatar isso nas familias, que possamos seguir esse exemplo de mãe (as que são mães) e de filhos (as) reconhecendo o valor de M. Pequenina na União do Vegetal……grato pela publicação desse depoimento do Getulio……LPA
Amem
Que depoimento bonito. Um filho que honra pai e mãe. Desejo que a Mestre Pequenina sinta o amor que plantou e possa em breve retornar para continuar na missão de fazer o bem sem olhar a quem. Viva 28/09!
Que mensagem bonita, Getúlio!
Grato de coração por compartilhar do seu coração.
Grato por você ser essa pessoa que tem essa responsabilidadee e esse Amor.
Reconheço e desejo a você e toda sua Querida Família saúde e alegria.
Gratidão à Querida M. Pequenina e tudo de bom que ela fez por nós.
Abraços fraternos,
Muito bonito este texto do Getúlio, um reconhecimento que mostra a simplicidade e o amor da Mestre Pequenina pela família, pela irmandade e por esta obra. Tive poucas oportunidades de receber esta atenção dela comigo e sou grato pelo carinho.
Gratidão eterna é o que sinto pela M. Pequenina, uma pessoa com um coração bondoso, que me acolheu e me orientou em um momento difícil de minha vida. Cumpriu sua missão de esposa, mãe dedicada e auxiliou o M. Gabriel a implantar a UDV, em caráter definitivo na face da terra. A ela meu amor e carinho eternos.
Me emociono vendo fotos desta guerreira Mestre Pequenina que para mim é um exemplo de dedicacao à familia e perseverança. Mulher de coração bom. Minha gratidão.
Belas e boas palavras, que tocam no sentimento da gente, nos fazendo sentir gratidão a essa Mãe que tanto nos ensinou e ensina. Um exemplo a ser seguido.
Renata Maia
N. Pedra Mar
Boas palavras, fortalece meu coração. Exemplo de união.
“Nas voltas deste mundo pequenino,
Encontramos com gente de valor,
É preciso prestar atenção,
As pequenas sementes de amor”
Lenilson Oliveira 03/10/16.
Que lindo depoimento de amor. Saudades.
As palavras do irmão Getúlio mostram amor e reconhecimento do bom filho com a sua mãe, e a vida de Mestre Pequenina fortalece a nós caianinhos.
Seu Getúlio, sua simplicidade e sinceridade são sem igual. Muito bonito relato da vida de vocês. Grata por compartilhar conosco. Faço votos que Deus continue lhe abençoando com saúde, para cumprir essa nobre missão de ser um filho fiel e dedicado.
Gratidão pelas palavras. É sublime o amor de mãe!
Sábias palavras, Sr.Getúlio! E que bela lição de obediência, reconhecimento, amor e honra aos seus pais. Demonstrando com simplicidade o amor pela família…Que seus dias sejam iluminados! Gratidão à M. Pequenina por tudo o que ela fez por nós, grande força.
Só tenho a agradecer por está sagrada UDV em minha vida, quero poder sempre me espelhar nesta Mãe M Pequenina, Família Sagrada.
Betânia Waeger
N. Janaína