Mestre Monteiro faz 91 anos – dia de alegria na UDV

| 30 março, 2025

O aniversário de um Mestre da Origem é motivo de alegria para nós, irmandade deste Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, pois é pela existência desses Mestres que conhecemos um pouco mais do nosso guia, Mestre Gabriel, e dos ensinos que ele nos deixou. Hoje, 30 de março, comemoramos o nascimento do mais longevo deles, Raimundo Monteiro de Souza, o Mestre Monteiro, que chega aos seus 91 anos de vida. Conselheiro Oriental, sempre com seu jeito cortês e pacificador, é uma das pessoas de grande importância na União, tendo sido o primeiro Mestre Geral Representante a assumir o lugar após o Mestre Gabriel desencarnar, além de ter exercido papel fundamental em momentos cruciais da nossa instituição.

Para marcar este dia, o Blog da UDV traz o depoimento extraído de uma entrevista que ele concedeu ao Departamento de Memória e Comunicação do Núcleo Serenita (Salvador-BA, 4ª Região), no início deste mês de março, contando um pouco da sua chegada à União do Vegetal.

Ao Mestre Monteiro, desejamos que Deus o continue abençoando com saúde e boa disposição para seguir em sua missão, ensinando, aconselhando e orientando todos que precisam! Felicidades, professor Raimundo!

“Eu frequentei a Igreja Católica, tenho uma irmã que é religiosa, freira, e aprendi muitas coisas na igreja, mas eu sentia necessidade de algo mais. Depois eu estudei em colégio de padres, ajudei muito a missa, coroinha. Quando eu saí do colégio, eu andei, frequentei assim, como observador, o terreiro de umbanda, pra ver se eu encontrava aquilo que eu estava necessitando ainda conhecer mais.

Em Rondônia, naquela época, tinham duas máquinas; pra lá era uma surpresa, eram umas máquinas grandes de fazer sorvete. Eu trabalhava no governo e tinha uma máquina, e eu botava uma pessoa pra tomar conta. Um dia eu saí do meu trabalho, eu trabalhava no palácio do governo em Rondônia, e fui pro local onde tinha minha máquina. Aí chegou um cidadão – José Walter é o apelido dele –; o nome dele é José Silva de Figueiredo Martins. Ele era paraibano, mas conhecia muito o Brasil, já tinha sido representante comercial de firma, ele viajava muito, a gente chamava, na época, de caixeiro viajante. Aí começamos a conversar, e ele disse: ‘Eu já viajei por todo o Brasil, morei em São Paulo, conheci centros espíritas muito bonitos, mas eu nunca encontrei um centro como encontrei aqui em Porto Velho, uma coisa tão bonita assim’. Aí eu perguntei pra ele o que era. Ele disse: ‘Aqui tem um cidadão conhecido como José Gabriel da Costa, mas também conhecido como Mestre Gabriel, que ele distribui um chá, faz uma Sessão e, nessa Sessão, a gente faz uma viagem astral’. Quando ele disse assim ‘viagem astral’, isso me chamou muita atenção, e eu disse: ‘Rapaz, eu tô precisando conhecer esse homem, eu quero encontrar uma coisa que me faça acreditar, que me balance mesmo pra eu acreditar’. Aí ele disse: ‘Olha, é duas vezes por semana, quarta e sábado’.

Aí marcamos um lugar pra se encontrar, e nesse dia foram cinco pessoas comigo. A União não tinha nada, estava iniciando, era no subúrbio de Porto Velho, só tinha a casa do Mestre Gabriel, a casa pequena, humilde. Entramos na casa, uma choupana coberta de palha, tinha uma mesa de aproximadamente dois metros de comprimento e uma outra de aproximadamente 1,80m, uma de frente pra outra, e aí ele se levantou de lá e veio. Quando ele se apresentou, eu olhei e achei diferença nele. Na época, eu ministrava aula para o curso primário, aí fui apresentado a ele como professor, e os outros que foram junto comigo também. Talvez tivesse umas 12 pessoas, aí ele serviu o Vegetal, bebemos os 12. Aquela mesa maior era para o povo que tinha chegado primeiro que eu, e a mesa menor era para os novatos; ele sentava ali no meio. Aí ele distribuiu o Vegetal, não tinha Quadro de Mestres ainda; Mestre era só ele, Mestre Gabriel. Aí o Hilton pegou o regimento interno, com 16 artigos, e leu aquele regimento como é lido hoje, e ele mesmo fez a explanação, a retrospectiva daquela leitura. Ficamos esperando e chegou o momento em que o Mestre começou a abrir os trabalhos, assim como nós fazemos hoje.

Quando ele falou ‘se prepare pra seguir’ – o rapaz tinha dito que a gente fazia uma viagem astral –, eu me arrumei no banco da mesa, porque eu estava disposto, eu queria encontrar uma coisa pra eu acreditar. Não fiquei com medo, não, ao contrário, eu fiquei bem mesmo! E, pra encurtar a história, eu fiz aquela viagem exatamente como ele me disse. E foi tão forte esse momento que eu não percebi, pra mim, a Sessão durou fração de minutos, eu despertei e ele já estava despedindo. Aí ele disse: ‘Professor, como foi a burracheira?’; ‘Foi ótima, Mestre’; aí ele disse: ‘Então volte’. Era dia de quarta-feira, 4 de setembro de 1966, e no sábado eu me associei. Mas me associei não foi pensando em ser um dirigente da União, me associei porque eu buscava encontrar muitas respostas para a minha consciência, e eu sabia que ali, naquele dia eu vi claramente que aquele homem tinha tudo que eu estava buscando para me dar. E hoje já estou com quase 60 anos na União. (…) Vou pra 91 anos de idade agora, ainda tô dirigindo Sessão pela graça de Deus, do Mestre, que me dá essa oportunidade, essa resistência pra fazer isso.”

Colaboração:


Luisa Torreão Lasserre integra o Corpo do Conselho do Núcleo Apuí (Lauro de Freitas-BA, 4ª Região) e é Diretora-Adjunta do Departamento de Memória e Comunicação da Diretoria Geral;


Ênio Cordeiro integra o Quadro de Mestres do Núcleo Coração de Maria (Coração de Maria-BA, 4ª Região) e é o Coordenador Regional do DMC da 4ª Região;


Renata Flores Saar integra o Corpo do Conselho do Núcleo Vitória (Barra do Choça-BA, 4ª Região) e é 1ª-Secretária do Departamento de Memória e Comunicação da Diretoria Geral.

Nosso agradecimento ao Departamento de Memória e Comunicação do Núcleo Serenita (Salvador-BA, 4ª Região) pela entrevista realizada com o Mestre Monteiro e disponibilização do seu conteúdo.