Mestre Jair, 71 anos de um autêntico benfeitor

Renato Hoisel Gomes Arléo Barbosa*

| 24 Abril, 2021

Mestre Jair durante inauguração do Núcleo Sultão das Matas, 15 de novembro de 2017 | Foto: DMC.

Há exatos 71 anos, em 24 de abril de 1950, em Porto Velho, na Maternidade Central, nascia um menino aos sete meses de gestação. Aquele ser pequeno e frágil – que não coube nem em sua primeira roupa – cresceu em uma bela morada. Um lugar, semente de um mundo melhor, berço de muitas histórias: a casa do senhor José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel, e da senhora Raimunda Ferreira da Costa, a Mestre Pequenina – seu pai e a sua mãe. Essa criança veio testemunhar, aprender e contribuir com um trabalho que começaria ali, no seio de sua família, e se estenderia para toda a humanidade. Era o Jair Gabriel, que mais na frente viria a ser conhecido como Mestre Jair pelos seus amigos e discípulos.

Ainda criança, em um tempo no qual não existia internet, celular e as condições materiais eram mais difíceis, Jair foi com a sua família para o seringal. Um passo comum, de luta e coragem, dado por muitos brasileiros que entravam na floresta em busca do sustento pela extração do látex, da seringa, mas sem nenhuma garantia de que iriam voltar.

Aos 4 anos, Jair se cortou com um objeto enferrujado e passou a ter febre e convulsões constantes. Era a famosa “doença do vento”, como os seringueiros apelidavam o tétano, que levava embora muitas crianças naquela época. No meio da Floresta Amazônica, a quilômetros de qualquer civilização habitada, ninguém para socorrer. Eram dias de grande sofrimento, principalmente para a senhora Raimunda – carinhosamente chamada de Pequenina –, mulher de fibra e de fé.

Um dia, sem saber mais o que fazer diante da enfermidade de seu menino, dona Raimunda clama ao seu marido pela capacidade que ele demonstrava em seus trabalhos nos terreiros de umbanda… “E suas entidades que você tem aí, Gabriel?”, na esperança de que uma Luz Superior abrilhantasse naquele pequeno recinto e curasse o seu filho. Um pedido, um apelo, lançado como um último recurso de um coração de mãe. Eis que assim aconteceu.

Após o pedido, José Gabriel (que ainda não tinha se revelado Mestre) ficou um tempo em silêncio e se apresentou. Era o Sultão das Matas que havia chegado, trazendo uma boa nova: “Eu vou buscar um tratamento pra seu filho”.

Era noite. O Sultão pegou uma lanterna, uma estopa (um tipo de mochila) e entrou na floresta por uma “perna da estrada”, caminho na mata que leva até as seringueiras. Com pouco tempo, uma nuvem fechada cobriu o céu e caiu um temporal. Chuva, vento, raios, trovões, e Pequenina sozinha naquele casebre, no aguardo da providência. “Pronto, seu Sultão das Matas levou meu marido, ou as onças comeram, os índios pegaram”, pensou. A demora apertava o peito daquela mãe e o menino já parecia que não iria resistir. É quando uma voz rompe o ar:

“Tava na mata virgem quando mandaram me chamar; me chamo o Sultão das Matas aqui nesse casual!”

Aquela voz era o raiar de dias melhores para aquele lar. O Sultão trazia consigo folhas, raízes de árvore e deu a ordem de colocá-las para cozinhar: “Quando tiver fervendo a senhora me chama”. Obediente, Pequenina assim fez. Colocou lenha no fogão, aguardou até começar a borbulhar e o chamou. O Sultão das Matas então pediu um “pano virgem”, que nunca tinha sido usado. Pequenina pegou um tecido do tipo “morim” e lhe entregou. Seu Sultão então dobrou aquele pano em dois e, com o auxílio de Pequenina, colocou o menino dentro. O seguraram acima do vapor da panela, como uma pequena rede coberta. Jair, enfermo, imerso no quente vapor, começou a suar muito. Um suor amarelado que tomou conta de todo o tecido, como se expurgasse aquela doença. Quando já estava banhado de tanto transpirar, o retiraram de lá.

“Durante sete dias ele não pode sair de casa… Não pode ficar fora, no tempo, no terreiro… Tem que ficar preso dentro do quarto”, disse o Sultão. O quarto era o único local realmente fechado da casa do seringueiro, longe das friagens. A entidade então se despediu e disse que voltava com sete dias.

No terceiro dia, o menino Jair já tentava de todas as maneiras sair do quarto, mas sua mãe o segurava. Corria para um lado, corria para o outro, colocava o rosto entre as frestas da madeira da parede e ficava dando risada, olhando o lado de fora. Não foi fácil vencer aqueles dias, mas Pequenina obedeceu à ordem superior e com sete dias o Sultão voltou, como havia dito.

Cura

Aos olhos de Pequenina, o menino estava bem, mas o Sultão explica para ela que ainda faltava terminar o tratamento. Então ele levou aquela criança para tomar um banho de igarapé à noite. Pela pureza da água e demonstrando consciência do tratamento que estava fazendo, o Sultão afirma: “Pronto, o seu filho tá curado”.

A mãe Pequenina foi tomada de uma alegria tão grande, tão forte, como que agraciada por um milagre, e diz: “Seu Sultão, eu não tenho nada pra lhe dar… Então estou dando o meu filho pra ser seu afilhado e eu ser sua comadre”. Assim o Sultão das Matas passou a ser padrinho do Jair Gabriel. Sempre que o Sultão se apresentava, ele pedia a bênção: “Bênção, padrinho Sultão!”. E o Jair também foi crescendo e chegou a auxiliar nos trabalhos do próprio Sultão nos seringais.

Este acontecimento foi o primeiro contato que o Mestre Jair teve com este nome: “Sultão das Matas”. Um acontecimento marcante que, pela fé ligada ao amor de uma mãe e por um pedido ao Superior, a cura veio. Esta é apenas uma das histórias da vida do segundo filho do Mestre Gabriel e da Mestre Pequenina, que nos mostra a importância da fé, do acreditar.

Pois, em um lugar distante da civilização, onde se guiavam apenas pelas fases da Lua e pelo nascer do Sol, a ligação era com o Espiritual e é de lá que veio a resposta. Nos mostra também a necessidade da perseverança, da esperança, pois em um dos momentos de sofrimento, quando Pequenina pensou que tudo havia se perdido, o Mestre apareceu, vindo do florestal, clareando os sentimentos ali presentes, trazendo a possibilidade da Vida, do sanar das dores e da enfermidade. A força da renovação.

Tempos depois, quando já se realizavam as Sessões do Vegetal, o Mestre Gabriel revelou: “Tudo o que o Sultão das Matas fez eu sei. Porque o Sultão da Matas sou eu”. É quando Jair veio a saber que aquelas bênçãos que ele pedia aconteciam diante da presença viva do seu pai, de olhos abertos e consciente de seus atos. Era o trabalho do Mestre na preparação de cada degrau da escada, de seus discípulos. Uma maneira que encontrou para tirar as pessoas da ilusão, como ele mesmo disse um dia ao Mestre Braga.

E/D: Carmiro, Pedro Brás e Jair, Seringal Guarapari – 1985 | Foto: Yuugi Makiuchi

Vegetal

Jair bebeu o Vegetal pela primeira vez no dia 1º de abril de 1959, junto com seu pai, sua mãe e seu irmão mais velho, Getúlio, pelas mãos de um senhor chamado Chico Lourenço. Era o mês de seu nono aniversário, quando começou a abrir os olhos para um novo tempo. Conduzido pelo seu pai, Mestre Gabriel, foi testemunha do início da União do Vegetal de 1961 a 1964, ainda nos seringais, e de 1965 a 1971 em Porto Velho, na presença do Mestre.

Mestre Jair conta que, no início em Porto Velho, quando tinha Preparo de Vegetal na olaria, ele e Getúlio iam na frente e iniciavam o trabalho. Em seguida, chegavam Mestre Gabriel, Mestre Braga, Mestre Hilton, Mestre Santos e outros, dando continuidade.

Ainda moço, em Porto Velho, chegou a dirigir a primeira Sessão de Jovens na União do Vegetal. O Mestre Gabriel um dia estava na olaria e viu Jair com alguns poucos filhos dos oleiros que bebiam o Vegetal e disse: “Jair, dirija uma Sessão para os seus amigos”. Ele não lembra de mais detalhes daquela Sessão, mas foi um momento em que o Mestre Gabriel demonstrou uma atenção pelos pouquíssimos jovens daquela época na UDV.

Autenticidade

Não por acaso, o Mestre Jair sempre teve uma ligação com os jovens e sempre foi admirado por eles. Pelo seu jeito simples, autêntico, sem rodeios e de olhar apurado, costuma se enturmar bem com a juventude. É comum o vermos conversando, cativando e zelando pelo futuro da União, procurando manter o rebanho limpo e sadio, com bom humor e entusiasmo, assim como aprendeu com o seu pai. Alguns destes jovens hoje já fazem parte do Quadro de Mestres e do Corpo do Conselho da UDV, e encontraram neste senhor uma figura marcante, disposto a ensinar e a doutrinar.

Mestre Jair fundou, junto com a Mestre Pequenina, o Núcleo Mestre Iagora em Porto Velho, sendo seu primeiro Mestre Representante. Mais na frente conheceu, em Salvador-BA, a Conselheira Ermanna Cavazzoli da Costa e nessa cidade veio morar. Fundou o Núcleo Salvador, foi Mestre Central da 4ª Região, ocupou o cargo de Mestre Assistente Geral, e em 2017 realizou o pedido de sua mãe, fundando o Núcleo Sultão das Matas, estando hoje em seu segundo mandato como Mestre Representante. Um Núcleo em homenagem ao seu pai, padrinho e amigo de sempre, que lhe salvou a vida. Sócio vivo mais antigo da UDV, é membro do Conselho da Recordação dos Ensinos do Mestre Gabriel, do Conselho da Representação Geral e do Conage.

Olhar artístico

Um dia o Mestre Gabriel, ainda no seringal, deu de presente um violão azul com um detalhe dourado para o pequeno Jair. Ele tocava aquele violão e cantarolava como podia, mesmo sem saber. Era, quem sabe, o anúncio e incentivo de uma história. Hoje o Mestre Jair tem uma banda chamada “Pé de Vento”. Nas suas músicas, encontram-se alguns “pontos” que o Mestre Gabriel cantava, ainda na época da umbanda.

Mestre Jair também é artista plástico há anos e é reconhecido em âmbito nacional e internacional. Desenvolveu um estilo próprio utilizando a técnica do pontilhismo e trilhou o seu caminho como artista, alcançando este renome de maneira independente de seu trabalho na União. Parte de suas obras e da trajetória artística está representada em um belo livro publicado em 2016. Jair Gabriel é funcionário público aposentado, hoje artista plástico e vive também de sua arte.

A este jovem amigo, que hoje faz 71 anos, desejo saúde e felicidades junto a toda a sua querida família. Que o Mestre Gabriel o abençoe hoje e sempre, na colheita das flores plantadas, na disposição de cativar e de ensinar. Sei que falo em nome de muitos irmãos, discípulos e amigos de caminhada. Que seja sempre este Mestre autêntico e benfeitor!

*Renato Hoisel Gomes Arléo Barbosa é membro do Corpo do Conselho do Núcleo Serenita (Lauro de Freitas-BA).

>> Clique aqui e assista um clip produzido em homenagem ao M. Jair Gabriel.

27 respostas
  1. Rejane Hoisel Arléo
    Rejane Hoisel Arléo says:

    Bela trajetória de vida, de dedicação à União do Vegetal. M. Jair é muito carismático e querido aqui na 4ª região.
    Sou grata por seu trabalho como Mestre da UDV.
    “Sei que falo em nome de muitos irmãos, discípulos e amigos “…com certeza! Estou entre eles.
    Saúde e Paz, m. Jair, para o sr e sua família querida a nós!

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  2. Cristiano Gobbi
    Cristiano Gobbi says:

    Belo texto, à altura do que o homenageado representa para nossa irmandade. Admiro os talentos de Mestre Jair: um Mestre consciente da experiência e vivência que tem para ensinar, um artista criativo e um irmão que se faz sempre próximo dos irmãos. Feliz aniversário, amigo, um garotão de 71 anos!

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  3. Claudia sabbag
    Claudia sabbag says:

    Gostei de conhecer essa história do M. Jair e a cura feita pelo Sultão das Matas.. Não conhecia.
    Texto bem escrito e interessante, valeu!!
    Felicidades ao m. Jair vida longa e com saúde pra ele e família

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  4. Laura Gabriela Lima da Costa
    Laura Gabriela Lima da Costa says:

    Quero parabenizar meu tio, M. Jair Gabriel, lhe desejo Saúde e felicidades, que Deus e o Mestre abençoe sua vida e de sua família.

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  5. Nazareth Roriz
    Nazareth Roriz says:

    Bela homenagem ao tão querido M. Jair.
    Desejo que ele continue se doando para seus discípulos com saúde, paz e dias cada vez mais alegres, juntamente com sua família.

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  6. Alysson Bastos Sena
    Alysson Bastos Sena says:

    É uma satisfação pertencer a União do Vegetal e poder aprender com história tão bela. Parabéns Mestre Jair. Que a luz do do divino mestre esteja sempre te acompanhando neste caminho. Gratidão por compartilhar esta vivência conosco. Alysson Sena-N. Caupuri

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  7. Dauney
    Dauney says:

    Parabéns ao M. Jair pelos seus 71 anos, é uma honra e uma alegria poder conhecê-lo, pela sua originalidade, seu alto astral e sua privilegiada memória! Vida longa, com saúde e paz. Parabéns também o C. Renato Arléo pelo belíssimo texto!

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  8. ANTONIO CARLOS NOGUEIRA
    ANTONIO CARLOS NOGUEIRA says:

    Com certeza você fala em nome de um tanto de gente, Conselheiro Renato. Este mestre e artista múltiplo é merecedor de uma sincera homenagem dos caianinhos.

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  9. Ascelino Mendes Jr
    Ascelino Mendes Jr says:

    Parabéns M Jair ! Bela trajetória de vida , realizações, e dedicação à União um exemplo vivo a seguir de pessoa , discípulo e Mestre ! Desejo saúde e vida longa .

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  10. Camila Marques
    Camila Marques says:

    Parabéns ao M. Jair por mais um ano de vida e desejo muita saúde para que continue seguindo nessa caminhada, na missão de cativar e cultivar dentro de nós os ensinos e memórias do seu pai, padrinho e amigo, nosso M. Gabriel. Parabéns as pessoas que tornaram essa homenagem ao M. Jair um presente também para nós, dando-nos a oportunidade de conhecer mais da História se vida do M. Jair que traz nela a História também do nosso Guia Espiritual com beleza, leveza, autenticidade e alegria! C. Renato com seu belo texto e aos Mestres Diro e Tomaz pela idéia e produção do clipe.

    Responder
  11. Dalva Melo
    Dalva Melo says:

    Hoje é um dia de alegria. Desejo ao M. Jair todas as coisas boas que a vida possa lhe oferecer, aproveito para externar minha gratidão, por todo carinho e orientações dadas ao longo desses anos.

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  12. Tânia Ap. de Freitaa Ferreira
    Tânia Ap. de Freitaa Ferreira says:

    Parabéns, Mestre Jair! Muita saúde e prosperidade em sua jornada! Nossa gratidão por tudo que fez e tem feito pela obra do nosso querido Mestre Gabriel! Deus o abençoe e lhe dê a Guarnição Divina!

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  13. Jussara
    Jussara says:

    Parabéns M. Jair!
    Uma trajetória de vida forte e marcante com o Mestre Gabriel, seu Pai e sua amada Mãe M. Pequenina. Sua história de vida nos transporta a viver o acontecimento com o Mestre Gabriel trazendo pra perto nosso Guia Espiritual.
    Que o senhor possa circular mais pelas Regiões! Tem muito a ensinar aqueles que ainda conviveram pouco contigo!..
    Saúde, muitos anos de vida juntamente com sua família, e discípulos desta Sagrada União
    Abraço fraterno
    Jussara Cotta

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  14. Alexandre de Souza Cardoso Teixeira
    Alexandre de Souza Cardoso Teixeira says:

    Quero expressar a minha gratidão ao Mestre Jair e sua família, por todos os ensinamentos e pela força de vontade em continuar praticado os ensinos que o nosso guia espiritual (Mestre Gabriel) nos deixou. E desejar nesta data Felicidades, Saúde e muitos anos de vida. Que Deus te abençoe. São os nossos votos, Alexandre e Família.

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  15. Evanize de Barros Lima
    Evanize de Barros Lima says:

    Felicidades ao Mestre Jair, que faz a diferença na nossa Sagrada União, que tenhas saúde, prosperidade e alegria. Abençoado és tu que veio lado a lado com Mestre Gabriel no cumprimento da missão. Gratidão.

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  16. Paulo Gomes
    Paulo Gomes says:

    Trago comigo o bom sentimento de ter recebido o primeiro copo de Vegetal pelas mãos do M Jair em 08.03.1997 em Salvador. Desde então sinto uma gratidão e reconhecimento por sua pessoa. Salve M Jair Gabriel. Feliz Vida meu amigo. Fraterno abraço!!!

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  17. João Bosco de Queiroz
    João Bosco de Queiroz says:

    Parabéns ao M. Jair por tantas conquistas e benfeitorias ao longo dos bem vividos 71 anos. Que venham outros aniversários para termos mais oportunidades de conviver com os primeiros irmãos desse caminho de Luz, Paz e Amor. Felicidades hoje e sempre.

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  18. Rogeleno Farias Feijão
    Rogeleno Farias Feijão says:

    Belíssimo texto em homenagem ao M. Jair Gabriel. Desejo que esteja entre nós por muitos anos. Parabéns, M. Jair, que seus dias sejam abençoados. Parabenizo também aos responsáveis pelo belo trabalho desse blog, onde aprendemos muito sobre a história da UDV e sobre as pessoas que fazem parte da criação desta obra Divina.

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  19. Almir Nahas
    Almir Nahas says:

    Grato pelo belo texto, C. Renato! Saúde e felicidades a este bom amigo de muitos, que nos motiva a buscar sempre pela raiz, pela origem, pela simplicidade de nossa essência. Saúde, nobre amigo M. Jair e sua família.

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