Mestre Glacus, dedicação à Obra de Mestre Gabriel
Otávio Castello*
| 13 Janeiro, 2017
“Se hoje trafegamos numa estrada asfaltada e bem sinalizada, é porque os que nos antecederam abriram a duros golpes de facão, com sacrifício, a primeira picada na floresta densa”.
Assim Mestre Glacus Souza Brito demonstrava seu reconhecimento por aqueles que o antecederam na peleja pela legalização do Vegetal. Junto com outros valorosos irmãos, desenvolveu ações de defesa do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, propiciando a realidade que nós caianinhos desfrutamos hoje: de bebermos o Vegetal sem questionamentos quanto a sua legalidade.
Leia também: Mestre Glacus, braços abertos ao bem, texto de Else Piacentini Medeiros Fortunato.
Em 1986, com outros médicos da UDV, Mestre Glacus fundou o Centro de Estudos Médicos da UDV – hoje Departamento Médido Científico da Diretoria Geral da União do Vegetal (DEMEC). Inicialmente para reunir e difundir informações científicas a respeito do Vegetal, esse centro articulou o movimento que resultou no “Projeto Hoasca” – a primeira pesquisa dos efeitos do chá em seres humanos.
Para que ela ocorresse, em 1992 licenciou-se de seu emprego público, sem vencimentos, peregrinando por universidades brasileiras que aderissem ao projeto. Isso resultou numa força-tarefa de cientistas de dez instituições do Brasil, Estados Unidos e Finlândia, que reuniram-se em Manaus (AM) para realizar a pesquisa, que até hoje é referência mundial.
Em 1999, Mestre Glacus testemunhou na justiça americana a respeito dos efeitos do Vegetal sobre a saúde humana, tendo sido tratado pelas autoridades daquele país como perito. Durante os dois anos seguintes, outros depoimentos ocorreram, presencialmente e por telefone – algumas vezes em ambiente tenso e desafiador. Em todos eles sempre se conduziu com tranquilidade, demonstrando confiança na orientação de nosso Grande Mestre Gabriel, e na vitória da UDV. Vitória registrada na sentença judicial da Suprema Corte dos EUA, que afirmou que o governo norte-americano não tinha sido capaz de demonstrar que o uso ritual do Vegetal faça mal à saúde.
Foi também nessa época, juntamente com Mestre Edison Saraiva Neves, que elaboraram o programa “Saúde e Longevidade de nossa memória” – uma proposta para o cuidado com os mestres antigos. Tal iniciativa auxiliou a Diretoria Geral na contratação do plano de saúde que até hoje assiste a nossos primeiros irmãos.
Mestre Glacus trabalhava diariamente, após atender seus pacientes, nas responsabilidades do DEMEC. Representou a UDV perante autoridades governamentais e em inúmeros eventos científicos nacionais e internacionais. Seu exemplo de dedicação e responsabilidade com a Obra de Mestre Gabriel estará para sempre entre nós. “Foi graças a ele que aconteceram as primeiras pesquisas científicas sobre ayahuasca no mundo inteiro.” – assim resumiu o Professor Dr. Dartiu Xavier da Silveira, referência brasileira nas pesquisas com o Vegetal.
*Otávio Castello é integrante do Corpo Instrutivo do Núcleo Rei Hoasqueiro (Brasília-DF) e médico. Entre 1999 e 2003, foi auxiliar de Mestre Glacus de Souza Brito no Departamento Médido Científico da Diretoria Geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (DEMEC).
Corrente do bem
Amigos e familiares do mestre Glacus de Souza Brito organizaram uma ação online para auxiliar no pagamento das despesas de seu tratamento de saúde e auxiliar a família. Clique aqui e saiba como contribuir.
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Louvável a iniciativa dos editores do blog, de registrar publicamente algo da história de associados do Centro que contribuem com sua parte para o engrandecimento da UDV para que ela seja reconhecida simplesmente pelo que ela é. Nem mais, nem menos. Existem muitas histórias bonitas para se contar aqui, de caboclos e doutores, de pessoas que se destacam pela notoriedade de seu trabalho e outros que relizam tarefas diferentes, aparentemente menos importantes, mas com o mesmo amor pela UDV. Me lembro de uma sessão (éramos recém chegados), em que o Glacus manifestou sua gratidão aos garis, cumprindo uma tarefa tão importante para a vida de uma cidade como São Paulo. Aquilo me surpreendeu na época, e me ensinou a ampliar meu olhar para a vida.
Almir Nahas