Agrofloresta no plantio de Mariri e Chacrona
Curso de agricultura sintrópica e sistemas agroflorestais une o cultivo de alimentos ao plantio das plantas utilizadas no Preparo do Chá Hoasca
Cristiano Gobbi
Suzana Andrade*
| 30 Outubro 2017
Desde 2010, no Primeiro Congresso do Plantio, realizado em Manaus- AM, o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal vem estimulando a adoção de técnicas de agrofloresta dentro dos seus Núcleos, nas atividades de plantio de Mariri e Chacrona. Muitos Núcleos, inclusive, estão realizando cursos de cultivo em sistemas agroflorestais, em uma iniciativa do Departamento de Plantio e Meio Ambiente, juntamente com a Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico.
O mais recente aconteceu no Núcleo Serenita (Lauro de Freitas, Bahia), entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro, e reuniu 50 participantes da 4ª Região (Bahia e Sergipe), que aprenderam princípios de agricultura sintrópica e de agrofloresta. O curso foi ministrado pelo agricultor André Pellicano, que trabalha com sistemas agroflorestais, e pelo Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Brasília, Marcio Armando, ambos filiados ao Núcleo Canário Verde (Brasília-DF, 8ª Região).
As técnicas de agricultura sintrópica e de plantio em sistemas de agrofloresta foram difundidas no Brasil pelo suíço Ernst Gotsch. Com mais de 40 anos de prática, Gotsch desenvolveu uma agricultura que concilia produção agrícola com a recuperação de áreas degradadas, em processos que se valem da regeneração natural e da busca do equilíbrio, característica de toda vida no planeta.
“É um manejo que não esgota o solo, pois utiliza recursos que o revitalizam, como, por exemplo, a poda de árvores, criando assim uma cobertura orgânica”, esclarece Marcio Armando. Segundo ele, a agrofloresta é a melhor maneira de cultivar o Mariri e a Chacrona, porque é nesse ecossistema que essas plantas atingem as melhores condições de desenvolvimento.
“A gente faz uma espécie de jardim florestal”, explica André Pellicano, que coordenou o cultivo de uma agrofloresta no Núcleo Serenita, incluindo o plantio de árvores como mogno e seringueira, ao lado de pés de jambo, melancia, abóbora, goiaba, mamão, além de uma pequena plantação de feijão, mandioca e milho. Tudo isso ao longo de um terreno de 150 metros, onde também foi plantado Mariri e Chacrona.
“Cada núcleo tem suas particularidades. Uns já possuem uma floresta, na qual a gente já pode entrar com o trabalho de plantio. Outros tem só o terreno, não tem nem pasto. Aí a gente tem que planejar um plantio diferente.” conta Pellicano.
Alfabetização pela natureza
Para os participantes, o curso foi como uma nova alfabetização, através da natureza. “Motivou um movimento na forma de enxergar o meio ambiente, e isso vai para o dia a dia, para o cotidiano, para a forma de pensar as escolhas e de observar a natureza”, relata Aline Proença, sócia do Núcleo Serenita.
“Tudo aconteceu com uma fluidez que é uma característica própria da natureza. Daqui a algum tempo, a gente vai ver o desenvolvimento dessa mini-floresta aqui no Núcleo, que vai nos proporcionar alimento e fortalecer nossas plantas sagradas”, comemora Izabela Duarte, também filiada ao Serenita.
“A tecnologia do plantio já existe, que é a natureza. Ela é o sistema perfeito. Então, a gente tem que aprender a usar esse sistema, plantando Chacrona, Mariri, árvores e alimentos”, afirma Eric Lassman (Núcleo Príncipe Teceu, Planaltina-DF), que já trabalha com agricultura sintrópica e também participou do curso.
A questão alimentar também foi ressaltada pela Coordenadora da Novo Encanto na 4ª Região, Sandra Burgos. “Não se trata somente da melhoria do Mariri e da Chacrona, mas também da qualidade do alimento que a gente consome. É uma forma de unir qualidade de vida com a preservação do meio ambiente”, acrescenta.
Para o monitor do Departamento de Plantio e Meio Ambiente no Núcleo Serenita, Eliezer Andrade, este é só o começo de um longo e instigante processo de aprendizagem sobre agroflorestas. “Precisamos cada vez mais despertar a consciência e perceber que temos muito ainda a aprender sobre a forma de plantar e sobre o que a natureza está nos dizendo”, conclui.
*Cristiano Gobbi e Suzana Andrade são integrantes do Corpo Instrutivo do Núcleo Serenita (Lauro de Freitas, BA – 4a Região).
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Vi o trabalho durante o curso e fiquei entusiasmada com esse excelente trabalho. As leiras estão lindas e tudo verde. Experiência salutar e que nos proporcionou um novo olhar sobre o Reino vegetal. Parabéns a equipe e gratidão aos instrutores.
A realização deste curso continua trazendo benefícios para a 4ª região. Os dias do curso foram ricos em aprendizado, alegria e contemplação na escola da natureza. A agrofloresta que plantamos está crescendo vigorasa e saudável! Lindo de acompanhar! Outros núcleos aqui na região também já estão aplicando o conhecimento adquirido no curso. É um caminho de muitos aprendizados para plantarmos e colhermos bons frutos. Grata aos professores, André e Márcio!
Muito boas essas iniciativas, cheias de troca e aprendizado.
Em breve enviaremos nosso relato.
Abraço!
Fantástico o rumo que a atividade do plantio está tomando, e isso vai muito além dessa necessidade, mas também da busca pela sustentabilidade e do desenvolvimento ecológico. Me sinto muito bem participando desse trabalho, e aprendendo com todos. Abraço!
Paulo Luna
N. Flor de Maria, AL
Parabéns a todos pelo trabalho realizado. Vejo neste tipo de ação um bom trabalho que une a aplicação de técnicas de alta ciência aplicada a natureza, no âmbito – área geográfica – do núcleo, com o ensino e o aprendizado de manos a manos, pela união da UDV e Novo Encanto, é o Reencantamento do Mundo. O Mundo do mariri e da chacrona. Viva a UDV.
Que tesouro valioso é o caminho das agroflorestas. Necessário, imprescindível. Esta é a agricultura de um novo tempo nas relações entre o ser humano e a natureza, valendo-se da própria sabedoria da natureza. Saúde, fortuna e sucesso aos professores agrofloresteiros, seus alunos todos os que se dedicam a essa prática.
Agrofloresta atesta
que o ponto alto da festa
de leitura da Natureza
é a agricultura sintrópica
em sua fartura e beleza
numa atitude até heróica
cultivar vegetais à mesa
e resgatar meio ambientes
com a qualidade de quem
pratica o Bem super contente!
Gostei muito do curso sobre Agrofloresta no plantio de mariri e chacrona. Quero participar em outra oportunidade.
José Henrique Matias.